domingo, 12 de outubro de 2008

sento-me no chão do pensamento, cruzo as pernas e escuto a incerteza ...

Todos os dias aparecem-me umas nuvens no queixo. Umas dores no pulso ou uma cicatriz no umbigo. Todos os dias o meu ego perde brilho.
Desta vez o meu medo tem medo de ser. As horas persistem escuras como tinta esborratada num papel numa linguagem química que talvez Hipócrates entendesse: eu não. E planos e projectos reorganizam-se mentalmente, tento hierarquizá-los, subjugá-los à minha vontade de viver e de aprender o que é, de facto, essa vida, para além das tarefas que nos propomos todos os dias. Que fariam sentido sem sentido. Num longo prazo que é sempre mais curto.
Neste ponto, neste ponto preciso, nada faz sentido e tudo se enevoa na espera de uma data que trará algo. Uma certeza, um aperto, um suspiro, um ombro. Um medo, mas esse já chegou e conquistou para si a casa. Tenho frio. Doem-me as entranhas tal é a violência da espera. Dói-me a língua tal é a dureza das palavras. Dói-me tudo e preciso de tudo para ver uma luz.



(e é de braços descaídos que vejo o sol desaparecer)

4 comentários:

Vestígios de luz …salpicos de mar … disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vestígios de luz …salpicos de mar … disse...

…que riqueza profunda, escondem as tuas palavras…
Por favor, não deixes lá fora as tuas asas, esquecidas no banco do jardim…
Faz uso delas sempre que o frio apertar, sempre que o anoitecer gritar dentro de ti…
…afinal podes forrar qualquer estrela com o teu sorriso, basta voares e escutares o teu sentir…

Green Tea disse...

Obrigada.

Não é muito comum responder a comentários no meu próprio blog, mas como não consigo aceder ao teu perfil, terá mesmo de ser. Curiosamente, sou mais parca de palavras a comentar o que escrevo, porque raramente releio o que escrevo. Sabe bem ler e saborear as palavras que tentam completar e enriquecer as minhas. Obrigada, novamente...

Vestígios de luz …salpicos de mar … disse...

Obrigado eu, por reencontrar nas tuas palavras raízes do meu lar…
Sem dúvida, desde que sou gaivota, este teu mar é o mais bonito …
Um cantinho, onde ficamos absorvidos, pela gentileza com que acaricias as palavras e os sentidos…