quinta-feira, 23 de outubro de 2008

It takes a road to go nowhere ...

Cabes no meu peito. Estendes-me palavras, das tuas, das de outros. E dá-me um acesso de melancolia, de entrar nos teus braços para deles não mais sair. Ponho-me a ouvir o Mestre, A Gente Vai Continuar, e sei de cor quanto vale um beijo teu, uma carícia presa entre fugas. Saboreio essas palavras, O'Neil as diga, tu mas sussurres, e eu que te ame por cada peça que se encaixa.


Há palavras que nos beijam como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas.
Quando a noite perde o rosto
Palavras que se recusam,
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas,
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas,
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte. *

Todo tanto tamanho mundo que encerramos num sorriso. Numa espera que se torna longa por segundos excessivos e travessos. Sabes-me a vida, a cor, a noite, a melancolia segura. A chocolate, a café de aromas, a hortelã, a licor, a saudade, a torradas de manhã, a sumo de laranja, a banda desenhada, a vertigem. És a primeira imagem da manhã, és a última companhia da noite e encarnas o sonho que me vela em cada sono.

És o meu mar. Eu, a tua estrela.


* Alexandre O'Neil
[e tu]

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