sexta-feira, 19 de novembro de 2010

adeus, tristeza, até depois...

É que...

A mim passou-me ao lado.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Do senti(n)do

Desfaz-se. Como nós corroídos pelo sal do tempo e pela aspereza da espera, esta porta que nunca se fechou encontra-se cada vez mais diferente.


sábado, 12 de junho de 2010

Dir-se-ia que tudo é feito de silêncio

Eu digo que é mentira.
Às vezes gosto de acariciar o silêncio e de o escutar atentamente. Segui-lo, sem que ele se aperceba e se possa sentir sufocado. Observado, analisado, rodeado.
Então deixo-o partir, e recebo as palavras, conversando com tudo o que trazem lá dentro, bem dentro de cada sílaba. Tudo depende do momento em que decidem aparecer.

(pergunto-me porque mantenho este espaço, respondo que é das poucas coisas que me liga a um passado do qual raramente tenho saudades, mas que me fez ser como sou hoje, é uma dívida, uma dúvida, uma parte de mim que algures por aqui se vai encontrando, nada mais, mas nada menos)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

De sobreaviso

O tempo mudou.
Indiferente às vontades e às necessidades, o tempo mudou, esgotou-se, passou para o outro lado do espelho.
Curiosamente, não se demitiu pacificamente, não se revoltou contra a espera. Apenas mudou, adormeceu um dia e acordou com um novo nome, uma nova cor, um novo sentido.
Enquanto o esperava, pensava se valeria a pena. Quis acreditar que se o tivesse guardado nas minhas mãos fechadas, poderia desenrolar um novelo de passados.
Agora, que mudou, e não sei para onde, entendo que não importa.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Regresso a casa


Tenho andado longe. É verdade.
Há dias em que apertam as saudades de um passado que se gravou dentro do peito, mas mesmo nesses dias, a vontade de remar contra a corrente parece ser tão frágil que me deixo, simplesmente, ir...
Noutros dias, a saudade deixa-se estar sossegada e o tempo parece fluir apenas no presente.

Hoje voltei a uma das cas(c)as que tinha deixado ficar no silêncio. E soube bem. Houve risos, houve música, houve abraços. Gentes que não via há tempo demais. E que me acolheram como sempre o fizeram. Como se o tempo fosse apenas inexorável nos ponteiros, porque nada faz sentido a não ser no momento em que o aproveitamos.

Então, dizia eu, hoje tenho saudades. Ao mesmo tempo que sei que as páginas, depois de voltadas, não guardam as mesmas palavras da mesma maneira.

(e por isso, hoje regressei e estou aqui, no lugar onde alguém um da quis)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Entretanto


Muda o ano.
Permanece tudo o resto.
A sensação indefinida e húmida de se ser não o sendo. Traçam-se riscos invisíveis no céu, atropelam-se passos ainda por nascer, e assim, como que inesperadamente, agem-se dias a fio. Sem que nos apercebamos. Sem que queiramos.

Continuo sem saber por onde vou. Ainda que saiba onde quero ir, as pernas tremem-me. Não as minhas pernas, antes as pernas que tenho dentro de mim. Há muito que as palavras não traduzem o fumo que trago cá dentro. Diz-se que a infelicidade traz escrita, digo eu que estamos em permanente busca de sentido e insatisfação. Querer mais. Querer melhor. Ou simplesmente querer.

E quando eu já nem sei o que quero?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Not yet

Há dias em que parece que sorrio lentamente. Como se no escuro me ouvisse melhor, a pele arrepiada me tornasse mais frágil.
Noutros dias parece que há aqui sentido, mas o que faz sentido? Ou o que pode ter feito sentido?

Encontrei a velha história de embalar, no outro dia,
na rua que é minha e de mais ninguém.
Não doeu.
Aliás, não dói há muito tempo e era autêntico o meu sorriso,
tanto que só depois me apercebi do que me esqueci.
As datas, e eu sou tão fiável com datas, as datas que me passaram, a sequência de números.
Diluídas no
turbilhão que é o presente, presente que me ensina
todos os dias o som e o cheiro da palavra amor.