terça-feira, 25 de novembro de 2008

De vez em quando ...

... tenho um vazio. É só assim de vez em quando, como um espinho que nos recorda que nada existe em absoluto. Curiosamente, ainda hoje desfiava sabedoria sobre o aconchego do abraço que se ama e de como esse abraço nos rouba palavras cruas. Só para mas cravarem na carne e me fazerem recordar um obsoleto vazio de sentido de decisões. 

... sinto-me um nada a ser disparado a velocidades indizíveis, inundada por uma vertigem quase dormente. Como se implodisse e ninguém estivesse lá para ver, qual filme mudo com risadas sobrepostas.

... sou o nada e o vazio, tremendo num escuro denso. É só por isso que a "luz lá fora" me fascina. 


"Passas a vida a adiar" 
Tanto, mas tanto, que queria não mais adiar... há portas que temos de encostar sem medo do vento que as fecha. Poderíamos abri-las sempre... 

"Mas afinal o que queres tu da vida?"
E pudesse eu dizer-te, simplesmente, que apenas a queria viver como minha...


... queria desnascer.

domingo, 16 de novembro de 2008

Back home

Com um sorriso entre duas mãos, um ombro latejante de ternura e uma fonte chamada infinita. Regresso. Casa cheia, eterna, magnífica. E as mãos, envoltas em teias invisíveis de uma inexplicável mas tangível paz. Regresso, contigo, e abro-te a porta de um mundo que já foi o meu, e onde me sinto em casa. Sê bem-vindo...

domingo, 9 de novembro de 2008

Hoje preciso de um pois, hoje preciso de um sim

Pela primeira vez não corri para ti. Não apressei o passo na tarde que escorria sob os meus pés enquanto o meu coração se apertava por te pensar esperando. Deixei fluir a tarde e o fim do sol pela música que se aninhava no meu ouvido. Precisava do branco dos reflexos do sol nos painéis publicitários, do burburinho da multidão esvoaçante, dos semáforos lentos e compassados. Precisava de mim. Sem mim não entendo como podemos ser dois sendo um. Pela primeira vez tive medo de ti. Um medo de não ser, a minha palidez consome-me quando te amo. E não sei não te amar. 
Chegas e beijas-me a mão. Um beijo chega, as minhas tardes rejuvenescem. És a tarde. A folha de outono que pousa na minha mão, o sol de inverno que me beija o pescoço. Efémero. Um café, uma banda sonora. Todas as cores num segundo. A calma certa, a dor anunciada de uma despedida. A mesma. A nossa. Onde nada faz sentido. Onde trilhos separados se unem apenas para sempre se quererem. Ouso esquecer a dor e mergulhar, mas o medo, esse medo ... 
Pela primeira vez, não me viste partir e a tua mão não se encostou na minha pelo outro lado do vidro embaciado. Disse-te adeus enquanto te perdias num vazio a que chamei medo. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pela manhã

Acordei com o sol a aquecer-me o rosto. Estiquei o braço por entre os lençóis para chegar a ti, esquecendo que não estavas cá. Voltei a recolher o braço e enrosquei-me para tentar entrar novamente num sono a dois.
Bom dia, sorriso. E permanece a saudade de partilhar espaço e tempo contigo, no calor das mãos e na ternura que nos abraça.