domingo, 9 de novembro de 2008

Hoje preciso de um pois, hoje preciso de um sim

Pela primeira vez não corri para ti. Não apressei o passo na tarde que escorria sob os meus pés enquanto o meu coração se apertava por te pensar esperando. Deixei fluir a tarde e o fim do sol pela música que se aninhava no meu ouvido. Precisava do branco dos reflexos do sol nos painéis publicitários, do burburinho da multidão esvoaçante, dos semáforos lentos e compassados. Precisava de mim. Sem mim não entendo como podemos ser dois sendo um. Pela primeira vez tive medo de ti. Um medo de não ser, a minha palidez consome-me quando te amo. E não sei não te amar. 
Chegas e beijas-me a mão. Um beijo chega, as minhas tardes rejuvenescem. És a tarde. A folha de outono que pousa na minha mão, o sol de inverno que me beija o pescoço. Efémero. Um café, uma banda sonora. Todas as cores num segundo. A calma certa, a dor anunciada de uma despedida. A mesma. A nossa. Onde nada faz sentido. Onde trilhos separados se unem apenas para sempre se quererem. Ouso esquecer a dor e mergulhar, mas o medo, esse medo ... 
Pela primeira vez, não me viste partir e a tua mão não se encostou na minha pelo outro lado do vidro embaciado. Disse-te adeus enquanto te perdias num vazio a que chamei medo. 

1 comentário:

pzs disse...

...

O que a nós chegava
Filtrado pela insegurança cega surda e ignorante
que o medo alimenta
Soava incompreensível
Ensurdecedor

...